Páginas

sábado, 8 de dezembro de 2012

Metamorfose - Capitulo 6



                                         Capítulo 6 - Mudanças e... Coração partido?! 




Lua POV


Todo o caminho de ontem para casa havia sido silêncioso. Deitada na cama, pensava que a vida não poderia piorar...
Arthur não percebia que o modo como ele me tratava magoava-me? Ou será que eu nasci mesmo para sofrer?
Precisava de algo para me distrair, algo que me fizesse bem... Sophia! Disquei o número que já sabia de 'cor, esperando pacientemente que ela atendesse
- Obrigado por lembrar que eu existo... - Ironizou assim que atendeu o celular
- Não use minhas palavras contra mim - soltei uma risadinha baixa - Pode vir aqui?
- O que aconteceu?
- Conto quando chegar aqui, que tal? - Ela apenas respondeu 'Ok e desligou o telefone. Suspirei.
- É sério que tudo isso aconteceu em menos de uma semana... ? - Sophia me olhava assustada após ter contado tudo a ela
- Aconteceu! - Suspirei pela milésima vez - Eu não sei o que fazer...
- Como sempre! Olha Lua, você é muito inteligente, mas quando o assunto é Arthur nunca sabe o que fazer. Se fosse
eu já 'teria dado uma lição nele a muito tempo
- É, mas não é você... E eu e você somos muito diferentes
- Nem tanto assim... - Tive que concordar com a cabeça - Mas, bem... Acho que já está na hora de parar de sofrer.

Arthur POV


Sentado na cadeira de meu escritório, estava a pensar em Lua. É, em LUA mesmo, o que era extremamente estranho.
Será que havia sido muito duro com ela? Será que estava certo no modo como vinha lhe tratando nos ùltimos dias?... Ver como o sorriso dela havia morrido ao ter dito tudo aquilo anteontem estava me fazendo mal. Muito mal. Sentia-me imensamente culpado por estragar sua alegria!

Lua POV


Quando Sophia saiu de minha casa já era tarde. Tinha acabado de sair de meu banho quando Arthur entrou no quarto. Ele olhava fixamente para mim, e por um instante senti minhas bochechas corarem, até me lembrar que estava de toalha. Que ele já estava fazendo ali? Parecia estar perdido dentro de seus pensamentos. Fez menção de abrir a boca, mas desistiu. Apertei a toalha ainda mais.
- Lua... - Falou por fim. Mas sua fala pareceu morrer ali. Estranho, mas senti medo. Corri para o banheiro, trancando a porta e encostando-me no azulejo frio. Por que ele voltou tão cedo? Não poderia demorar mais um pouco? E ainda mais que... DROGA! Como eu faria para sair dali agora que ele estava no quarto?!

Arthur POV


Olhava fixamente a porta por onde minutos atrás Lua havia entrado. Por que aquela atitude? Parecia estar fugindo de mim como... Como quando abusei dela - senti-me mal ao lembrar disto. Quer dizer, eu ainda não sabia o que REALMENTE havia acontecido, mas não deixava de pensar no pior. Tudo me levava a crer que eu havia mesmo abusado dela, mas a mesma nunca havia tocado neste assunto. Acho que seria melhor que eu mesmo esquecesse.
Desci as escadas e encostei-me no 'corrimão de madeira da mesma. Como eu me desculparia com Lua? Uma idéia passou por minha cabeça. Seria muito feio se eu começasse o jantar de hoje...? Bem, vou tentar esquecer do fato de
não saber fritar nem um ovo. Mãos a obra.

Lua POV


Senti um cheiro diferente... Na verdade isto cheirava a besteira. Desci as escadas rapidamente, encontrando Arthur na cozinha. Era totalmente desajeitado, não sabia o que fazia e andava de um lado pro outro totalmenteperdido.
Olhei a mesa, e a mesma estava toda suja, assim como o próprio Arthur. Desviei minha anteção para ele assim que
ouvi um 'Aiiii'. É, o mestre cuca havia queimado a mão. Andei rapidamente até ele, agarrando seu braço e olhando sua mão e a queimadura feia
- Você tem que pensar antes de fazer besteira, Arthur... - Olhei-o. Ele parecia uma criança arrependida de sua
travessura. Certamente nunca mais faria aquilo - Definitivamente, a cozinha não é seu lugar - Desliguei tudo que estava
no fogo, voltando a pegar seu braço.
- Suponho que não vai gostar muito do que vou fazer agora... Mas fique quieto - Ele olhou-me meio assustado. Puxei
o levemente pelo braço, encostando na pia e colocando seu braço debaixo da torneira. Arthur murmurou um 'aiii'
baixinho, e eu o repreendi com o olhar, em sinal de que ele ficasse mesmo quieto. Lhe puxei novamente pelo
braço, lhe levando a sala
- O que vai fazer? - Olhava-me com atenção
- Passar pomada na sua mão... - Agarrei a caixinha de primeiros socorros, levando-a até o sofá. - Senta - Ele
obedeceu.
Passei a pomada com cuidado para não machuca-lo, e percebi que o mesmo me olhava
- O que foi?
- Nada... - Guardei a pomada e levantei-me
- Agora, um aviso: Fique longe da cozinha. Não é lugar pra você.

Meu querido marido saiu. Aproveitei para desarrumar a mala, que até então estava jogada no chão do quarto. Abri primeiramente a mala de Arthur, que estava impecavelmente arrumada. Não resisti a levar uma de suas camisetas ao rosto, inalando seu perfume gostoso. Eu já estava sentindo sua falta. De seu beijo, de seu abraço... Arg! Mas também sei que devo me afastar. Eu devo mesmo deixar de sofrer por Arthur. E isto é definitivo. Pelo menos eu espero...
Continuei a arrumar tudo, e logo todas as roupas da mala já tinham ido para o guarda-roupa. Arrastei minha mala até mim, e assim que a abri vi uma foto. Minha foto. Eu era tão bonita... Cabelos soltos, arrumada... Nem de longe pensariam que a garota da foto era eu hoje em dia. Bem, não estava tão acabada assim... Mas sei que naquela época eu realmente era eu mesma. Sem medo de viver, sem medo de ser magoada, sem medo de ser feliz. E sinceramente...
Gostaria de voltar a ser como antigamente.
Ouvi a porta bater, e logo em seguida vozes masculinas gargalhando.
- Lua! - Chamou Arthur - Pode descer? - Ele perguntou? Mesmo? Em outras situações certamente teria ordenado. Larguei o que estava fazendo, e andei até a escada. Com Arthur estava um amigo bonito. Muito bonito mesmo.
- Sim? - Desci os degraus devagar. O silêncio era tão grande que eu podia ouvir meus pés batendo no chão.
- Quero que conheça um amigo meu - Sorriu torto
- Prazer, Chay - Sorriu, apertando minha mão e beijando minha bochecha. Chay, Chay... Eu tinha a leve impressão de já ter escutado este nome em algum lugar.
- Prazer - Sorri - Você já sabe meu nome, então nem preciso dizer... - Chay cutucou Arthur de leve, e o mesmo pigarreou baixinho
- Lua, você pode... - Pausou, passando a mão pelos cabelos lhes deixando ainda mais bagunçados - Pegar àgua pro Chay? - Sorriu forçadamente. Apenas assenti me dirigindo a cozinha.
Enquanto pegava o copo, pude ouvir sussurros baixos.
- Ela não é tão horrível como você diz, Arthur...
- Você pode até acha-la bonita para pegar, mas aposto que não se casaria com ela. Pra isso acontecer iria querer uma mulher com uma imagem diferente, com mais presença, que fosse mais... Sei lá, mais mulher. - Com o copo já cheio, andei à passos largos até a sala. Rapidamente Arthur e Chay pararam de conversar, e tive que me esforçar muito para não deixar transparecer minha tristeza ao ouvir aquelas palavras de meu marido. Quer dizer que eu não era mulher suficiente para estar num relacionamente? Para cuidar e me dedicar a ele como venho feito ao longo de nosso casamento?
- Aqui está, Chay - Lhe entreguei o copo com àgua, sorrindo sem mostrar os dentes. A campainha tocou, irritando-me um pouco.
- Luuuu!! - Sophia agarrou-me assim que abri a porta - Arthur... - Sorriu falsamente, até seus olhos pararem em Chay.
Seu olhar pareceu adquirir um brilho que eu nunca tinha visto antes, e foi aí que me toquei. Aquele nome esqu... diferente era do ex peguete que fazia minha melhor amiga suspirar.
- C-ch-ay? - Gaguejou. Eu tive vontade de rir e Arthur pareceu querer fazer o mesmo sob o olhar assustado de Chay
- Oi... - Limitou-se a responder
- Tudo bem? - Perguntou, mas pelo jeito não queria uma resposta. Puxou-me pelo braço murmurando um 'Preciso muito falar com você lá em cima' 
- O que há? - Perguntei mesmo sabendo do que se tratava
- Sabe do homem que tinha te falado? Que não quer nada serio? - Assenti rapidamente - É ele... - fez uma careta
- Caraca, Sophia. - Respondi entrando em meu quarto e olhando a mala. Não podia deixar pela metade
- Ótimo momento para vir a casa de sua melhor amiga, Sophia... - bateu com a mão na testa - Ótimo momento! - Ri discretamente, Sophia murmurou um 'caramba', pegando a foto que tinha colocado na mesinha assim que Arthur chamou-me
- Essa foto me lembra nossa adolescência... - Sorriu - Você é realmente linda, Lu.
- Não sei se continuo tão bonita como antigamente...
- Ah, Lu. Você não mudou taaaanto assim - Olhou-me - Só deixou de se cuidar um pouco. Nada que eu não consiga resolver...
- Você? Como assim? - Sorri de canto
- Claro, né Lua... Que tal sairmos para fazer, ahn... - Enrolou-se - Coisas de mulher?! - Franzi o cenho - É, Lua...
Coisas de mulher. Salão, loja de roupa...
- Tá aí... acho que gostei!

Arthur POV



- Chay... - Tentava conversar com meu melhor amigo, mas ele parecia realmente muito assustado. Gostaria de entender isto
- Oi?
- O que aconteceu com você? Por que ficou assustado quando viu a chata da Sophia?
- Ei, ela não é chat... - Interrompeu-se - Tá bem... Nós já ficamos juntos. Mas não esperava vê-la denovo
- Você já ficou com ela? Que? - Segurei o riso
- Evidente, Arthur! Ela é linda... - Quase deixou um sorriso escapar de seus lábios. Desta vez foi impossível não rir. Ele estava apaixonado pela loira barraqueira? - Tá rindo de que, palhaço?
- De você. Tá apaixonadinho pela 'Suphia'.
- Haha - Sorriu sem graça - Vai zoando, vai. - Ficou emburrado. Fiz um bico, rindo de sua cara
- Então, por favor Lua... - Sophia e Lua desciam as escadas - Não vá furar comigo - Passou por nós me ignorando totalmente, olhando para Chay.
- Tudo bem, Soph... Tudo bem! - Sorriu, dando um abraço em sua amiga e abrindo a porta para que a mesma saíssse. Nos olhou meio perdida. Provavelmente não sabia o que fazer. - Eu... Eu vou dormir. Boa noite - sorriu torto subindo as escadas.

Lua POV


Acordei com o toque do celular, mesmo preferindo continuar dormindo. Peguei o celular, e o identificador de chamadas mostrava-me que Sophia estava ligando.
- Sophia, o que você tem na cabeça para me ligar a essa hora? Esses dias não vou trabalhar e da pra dormir um pouquinho mais... - Sentei-me na cama, esfregando os olhos
- Você esqueceu que nós vamos sair? Trate de levantar e se arrumar agora, Lua.
- Ah, sim... Vamos sair - falei desanimada - Está bem.
- Eu passo na sua casa, ok? Beijinhos. - Desligou sem me deixar responder. Levantei cambaleando. Aquela tarde seria longa.
A campainha tocou, e eu já estava pronta. Ao descer as escadas, assustei-me ao ver três homens conversando com Arthur.
- Arthur? Quem são? - Olhei-o curiosa
- São pedreiros
- Para que? Não planejamos nenhuma reforma...
- Eu sim. Uma piscina.
- Ah, sim... - A campainha tocou mais uma vez. - Eu vou sair. - Ele olhou-me assustado.
- Demorou, hein... - Sophia reclamou - Pensei que tivesse caído da escada e batido a cabeça no sofá
- Sem exagero, Sophia. Credo! - Ri
- Vamos direto ao assunto, Lua. Você quer fazer o que primeiro? Loja ou salão? - Perguntou enquanto entrava no carro
- Sophia, para de falar assim. Você parece uma madame louca que só vive comprando.
- Ai Lua, você é muito chata - Me deu a língua. O resto do caminho fomos em silêncio.
- Caraca... Quanto tempo faz que eu não vou em um shopping? - Ri
- Credo. Eu sempre venho aqui
- É, você fica mais aqui do que na sua própria casa, aposto.
- Eii, vamos parar com a difamação? Até porque nós temos muito pra fazer hoje. - Gargalhei. É claro que ela se apoveitaria da situação, afinal ela é Sophia Abrahão... Minha melhor amiga louca por compras.
- Soph, vamos entrar vai... - Suplicava a minha amiga. Passamos a tarde toda juntas nos 'embelezando'. Eu não queria mudar muito. Por isto só pedi que cortassem as pontas do cabelo.
- Não, Lua. - Fazia biquinho - E se eu me encontrar com o Chay denovo? Não quero correr o risco!
- Esta bem, esta bem... - Abracei-a de lado - Obrigado por tudo, viu?
- Você sabe que sempre pode contar comigo. Tchau - sorriu. Saí do carro, com as roupas que tinha comprado nas mãos. Parei em frente ao carro de Arthur, olhando-me uma vez mais.

Arthur POV


Eu acho que fiquei louco. Sem fala, totalmente embasbacado. Lua estava simplesmente maravilhosa. Não que não fosse antes, mas... Mas que diabos eu estou falando? Ela é só a mesma Lua de sempre. Por fora pode estar mais bonita, mas tenho certeza de que por dentro é a mesma mulher frágil e assustada de sempre.
- O que é isso? - Lua perguntou com o cenho franzido - Sou eu, ué. - Respondeu. Caraca... Minha mulher
- Tá bonitona hein Lua - Chay sorriu. Epa, que liberdade é essa?
- Obrigado Chay - sorriu tímidamente - Eu vou subir. Bom jogo... - Passou por mim sem me olhar, subindo as escadas rapidamente
- O que foi isso? - Perguntei pasmo
- Sua mulher, idiota. Acho que a 'sem graça' que você tanto diz nunca existiu. Não mesmo. 
Ótimo momento em que pensei em colocar uma piscina em casa. Sinceramente, o calor estava grande e eu não estava conseguindo dormir, ainda mais com a imagem de Lua toda arrumada vindo a minha cabeça o tempo todo.
Levantei-me e direcionei meu olhar a ela, que dormia com um edredom. Ela só podia estar enlouquecendo
Desci as escadas indo pra cozinha. Abri a geladeira e um ar fresquinho me fez sentir vontade de não sair da frente dela jamais. Peguei a jarra de àgua e um copo, continuando na frente da geladeira
- Arthur, o que é isso? - Lua apareceu na cozinha esfregando os olhos. Quase cuspi a àgua. O que ela fazia com aquele pijama curto?
- I-isso o que?
- Você de frente pra geladeira. Ficou maluco? - Ainda não, mas se você não sair tenho certeza que sim...
- Ahn, ah não! Boa noite, Lua. - Ela me olhou meio sem entender nada. Sai o mais rápido que podia antes que tivesse um ataque.
Minutos depois, Lua voltou ao quarto também. Senti raiva por gaguejar e ficar embasbacado perto dela como um adolescênte idiota e apaixonado que não consegue se controlar. Tê-la ali do meu lado, praticamente nua
[n/a::ARTHURSEUEXAGERADO!u.u]era pedir para que eu me descontrolasse. E eu estava realmente à ponto de cometer uma loucura.
Levantei-me da cama sem fazer barulho. É, eu estava precisando mesmo de um banho frio.

Lua POV


- Luaaaaaa, acorda - Arthur me chamava. Que droga! Agora que estamos de férias eu não posso dormir um pouco mais?
- O que foi? - Esfreguei os olhos. Minha voz ainda estava sonolenta
- Você pode fazer comida agora? Eu quero essa piscina pronta o mais rápido possível, odeio isso de ficarem perambulando por todos os lados da minha casa... - Sorriu torto. Sorri também. Desta vez ele pediu e não mandou. Assenti e me levantei. Não conseguiria resistir a um sorriso destes.
Com o almoço já pronto, fiz o prato de cada um dos três - com bastante comida, já que são pedreiros - E improvisei uma bandeija, levando os pratos pesados.
- Obrigado, patroinha - Me olhou e sorriu de um jeito estranho. Muito estranho mesmo
- Não é nada. O que precisarem, podem falar comigo ou com o Arthur. - Sorri fraco saindo dali o mais rápido possível.



Arthur POV


Sete da noite. Adentrei o quarto pensando em tomar um banho gelado, quando vi Lua toda arrumada. Usava um vestido preto e sandálias de salto alto, uma gata.
- Pra onde você vai? - Perguntei com os olhos grudados em suas pernas. Caralho Arthur, pare com isso.
- Sophia me ligou, nós vamos sair... - Disse enquanto passava perfume. Já disse que adoro seu cheiro? CALMA AÍ! Sair? Mas de novo? Virou festa agora?
- Ah, sim... - Tentei disfarçar minha irritação. Afinal, por que eu estava irritado? - Divirta-se - Sorri cínicamente observando Lua sair do quarto toda bonita. É... Eu estava dando tudo pra ser uma mosquinha e observa-la a noiteinteira.

Lua POV


- Micael? - Murmurei assustada. Eu não via meu melhor amigo à anos. Não consegui evitar um sorriso
- Loira! - Me abraçou apertadamente, tirando todo meu ar
- Já pode soltar, não acha? - Respirei fundo
- Você tá bonitona, viu... Tá louco! - Nos sentamos na mesa onde Sophia esperava com um sorriso gigante
- É projeto meu! - Apertou as mãos, sorrindo de um jeito engraçado
- Projeto? - Franziu o cenho sorrindo divertido - Que história é essa?
- Ai, deixa eu te contar... - Começou a falar sem parar. Micael parecia prestar bastante atenção em cada palavra que ela dizia. E realmente, Sophia falou tudo. O casamento, as brigas... Me senti envergonhada.
- É sério isso? - Assenti - Caralho, esse Arthur é doidão - Ri assentindo novamente. Micael tinha um jeito doido todo seu de ser - Ae, ele merecia uma lição...
- Eu também acho isso! - Sophia disse impolgada - Sempre fico pensando em um jeito de tortura-lo... - Ela parecia sonhar com isso. Completamente maluca.
- Então quer dizer que a senhorita vive pensando no meu marido, é? - Falei com voz divertida dando um tapa de leve em seu braço. Ela apenas murmurou um 'Aiiii' e fez careta. - Não sei se ele merece mesmo, Micael. Apesar de tudo eu ainda gosto dele - Suspirei
- Lua, acorda! Você  está dando uma lição nele! - Sophia piscou.
- Hãn? Que? Sophia você já é meio maluca, mas o que tomou essa noite? - Tomei um gole da caipirinha que Micael tinha pedido pra mim
- Não se faça de boba. Você é loira mas não é burra. - Olhei-a novamente sem entender nada - Luazinha, Luazinha... Compare você agora, com você à dois dias atrás. - Pensei. Eu realmente estava meio diferente... Me sentia mais eu. - Comparou? Agora pense, o Aguiar deve estar pirando com isso. - Mas é claro que não. Arthur não se importa tanto assim comigo
- Eu tenho certeza que ele nem liga, Soph. Eu não sou tão importante
- Mas é claro que é!Aposto que ele neste exato momento está morrendo de curiosidade, louco pra saber onde você está.Ele morre de ciúmes de você, Lua. - Neguei com a cabeça - Você não acredita ok. Ele pode até não demonstrar que gosta de você... Mas que ele está enlouquecendo está.

Arthur POV

Mordi a língua propositalmente, segurando-me para não perguntar onde ela estava assim que cruzou a porta sem me dirigir a palavra.
- Você demorou. - Juro que não aguentei - Onde estava?
- Com amigos. - Foi até a cozinha, pegou um copo d'àgua e sentou-se no outro sofá.
- Amigos? - Homens?
- É, Arthur. Amigos. Licença e boa noite, estou morrendo de sono. - Mas por que ela vai dormir? Só porque eu quero conversar? Voltei a olhar a televisão, bravo.

Lua POV


Olhei os pedreiros que conversavam. Lembrei-me que Arthur tinha dito que queria aquela piscina pronta o mais rápido possível. Suspirei e fui até lá.
- Será que vocês poderiam deixar de conversa fiada e trabalhar? - Eles levantaram-se ao ouvir minha voz - Vão atrasar a "obra"
- Me chama de relógio e vem tirar o meu atraso. - Sorriu. Não precisava ser gênio para perceber o duplo sentido.
- É... a senhorita não é a Garota de Ipanema mas é a coisa mais linda e cheia de graça que eu já vi.
- Cadê o respeito? - Senti meu sangue ferver e as bochechas queimarem de vergonha. - Muito papo e pouco trabalho
deixa vocês desempregados. - Virei-me para sair e pude ouvir suas risadinhas. Não acredito que se divertiram as minhas custas.

Arthur POV



Meu pai me ligou. Resultado... Jantar em sua casa. Eu estava cansado de ter que bancar o casal feliz - na verdade, nem tanto assim. Eu poderia muito bem me aproveitar da situação... O que não seria nada mal.
Entrei no quarto apressado.
- Lua, pode se arrumar? - Sorri - Meu pai me ligou, nós vamos jantar lá. Tudo bem pra você? - Ela olhou-me e sorriu fraco
- Tudo ótimo. Não demoro. - Sai do quarto, esperando-a na sala. Eu posso mesmo me aproveitar da situação. Ri sozinho

Lua POV


Arrumei-me o mais rápido possível. Estava temendo este jantar, mas não queria demonstrar. Nada poderia dar errado desta vez, certo? Certo.
Desci as escadas, encontrando Arthur com um sorrisinho de puro deboche e malícia no rosto. Em quem ele estaria pensando? Certamente numa nova funcionária da empresa. Bufei irritada. Ele olhou-me e levantou-se, sorrindo ainda mais.
- Vamos? - Perguntou, me encarando. Parecia avaliar cada parte de meu corpo. Apenas assenti, seguindo-o até o carro. Algo me dizia que aquele jantar seria surpreendente.
- Você já sabe, não é? - Assenti rapidamente aos 'comandos' de Arthur. - Agir como um casal perfeito e feliz. E por favor, desta vez vamos fazer do jeito certo. - Assenti novamente revirando os olhos. Saimos do carro, e Arthur surpreendentemente agarrou-me pela cintura, me deixando ainda mais perto dele. Senti choquinhos elétricos em meu corpo, mas não poderia esquecer que era tudo combinado. Ele não queria fazer aquilo.
- Arthur, Lua! - Tia Diana nos recebeu, sorrindo ao ver a mão de Arthur em minha cintura. Acho que já sei o que elaestá pensando. Acho não, tenho certeza. - Vocês estão bem?
- Muito bem. - Sorri.
- Com fome? - Ela falava ainda segurando a porta.
- Sim mãe. Mas primeiramente queremos entrar. - Ela murmurou um 'ops' e nos deu passagem. - Pai! - Arthur abraçou-o de lado lhe dando um tapa de leve nas costas.
- Arthur. Olhe só o que eu comprei especialmente para esse jantar - Mostrou-lhe uma garrafa de bebida - que eu não soube identificar qual era - em suas mãos.
- Caraca - Arthur disse, e parecia fascinado pela bebida. Ele e seu pai se foram pra cozinha, deixando-me na companhia de Tia Diana.
- Como anda o casamento de vocês, hãn? - Sorriu, sentando-se no sofá. Sentei-me ao seu lado.
- Está muito bom, Tia. Sinceramente depois daquelas férias as coisas mudaram muito. - Falei. E nisso não estava mentindo. Depois das férias sentia-me melhor, mais confiante. Me sentia mais eu.
- Eu fico feliz em saber disto, de verdade! - Abraçou-me. Arthur e seu pai voltaram. Tio Victor sentou-se em um sofá, e logo Tia Diana juntou-se a ele, deixando o lugar vago para Arthur. Ele colocou uma mão em minha coxa, fazendo carinhos de leve. Arrepiei-me e ele sorriu baixinho maliciosamente.
- Vocês estão realmente juntos? - Tio Victor perguntou. Ele é um cara inteligente, mas mesmo parecia estar acreditando. Tia Diana levantou-se do sofá, parecia estar indo à cozinha.
- Estamos, pai. - Arthur sorriu e abraçou-me, levando meu corpo para mais perto dele.
- Estão com fome? - Voltava - Luzia disse que o jantar está pronto. 

Arthur POV


Eu estava morto de fome. Sem contar que a comida de Luzia é maravilhosa! Rapidamente nos levantamos mas Lua, desastrada como sempre, derrubou sua bolsa no chão em meus pés. Abaixou-se para a pegar e o seu vestido se levantou... as coxas bem feitas que eu me esforçava pra esquecer que existiam debaixo das roupas que ela sempre usava ficaram bem debaixo do meu nariz. Não pude evitar olhar, respirando fundo.
Ela levantou-se e olhou-me.
- Algum problema Arthur? – parecia meio assustada, como se temesse ter feito algo de errado.
Eu não consegui controlar minhas mãos e coloquei-as em seu quadril, à guiando para a cozinha.
- Nenhum problema, “amor”. Continue assim que está ótimo...Quase me fazendo perder a cabeça – disse junto ao seu ouvido antes de passarmos pela porta.
Senti-a tremer em meus braços, mas não se deteve nem se virou, continuando a andar até chegarmos na cozinha onde estavam meus pais. Cada passo fazia roçar sua bunda firme contra mim, e eu puxei-a um pouco mais perto, cheirando seu pescoço antes de a largar.
- Vocês parecem realmente juntos e felizes agora! – Meu pai parecia entusiasmado, como se todo o mérito da nossa “felicidade” fosse dele. Deu-me um tapa de leve nas costas – Esse sim é meu filho, motivo do meu orgulho! Lua estava encolhida, com um sorriso nos lábios trementes e os olhos a me evitarem.
- Arthur é otimo pra mim, Tio Victor.– olhou-me, e algo mudou no olhar dela antes de continuar – Desde as férias que estamos muito melhores... Ele faz tudo para me fazer feliz, não é mesmo paixão? - Ri por dentro. Afinal parecia que a minha mulherzinha tinha alguma fibra afinal. Puxei-a de novo pela cintura contra mim, sorrindo manhosamente e selando nossos lábios rapidamente enquanto passavam imagens de Lua muito “feliz” na cama na casa da minha família.

Lua POV


- Mas você já vão embora? - Tia Diana murmurava, tristonha. Eu gostava de estar na companhia deles.
- Sim, mãe. Nós voltamos qualquer dia desses. - Arthur sorriu e deu lhe um beijo, logo depois abraçando seu pai. Fiz
o mesmo, saindo.
O silêncio entre nós era tenso. Fazia muito tempo que eu não falava entre-linhas com um homem como tinha feito com Arthur nessa noite. Parecia que cada coisa que diziamos um ao outro para confirmar o nosso “amor” e “felicidade" aos pais dele tinha um segundo sentido, uma interpretação mais... perversa.
Arthur também parecia estar meio nervoso o caminho todo. Quando chegamos em casa, mal me dirigiu a palavra e foi direto para o quarto tomar banho. Eu troquei-me, colocando uma camisola preta enquanto pensava em como as coisas estavam estranhas ultimamente.
- Você se saiu muito bem, “carinho”. - Senti dois braços agarrarem minha cintura e sussurrarem em meu ouvido.Fiquei meio desorientada – Que tal uma recompensa? - Recompensa? Ele estava ficando maluco?
- Re-ecompensa? - Droga, gaguejei! Mas aquilo estava estranho demais... Apesar de eu ter que admitir que era excitante.
- Exatamente. Uma recompensa por saber fazer o papel de esposa exemplar... - Levantava minha camisola devagar, me deixando arrepiada.
- O que você está fazendo? - Perguntei tentando aparentar uma calma que não sentia enquanto as mãos dele iam me deixando fraca.
- Ah, vai dizer que você não sabe? - Ironizou - Me provocou o jantar inteiro...
- Eu? Te provocando? – mordi o lábio, esforçando-me para soar inocente – Você deve estar ficando completamente louco...
- Não se faça de desentendida. - Apertou a minha cintura, puxando-me ainda mais contra a ereção que eu já tinha sentido contra mim - Eu sei que você quer, Lua. Não pode negar...o seu corpo trai você! - Abaixou as alças da minha camisola e eu prendi o ar - Mas hoje não precisa mentir, porque eu também quero... E muito!
Soltei o ar que prendia e estiquei os braços para que ele retirasse minha camisola por completo. Fui virada e beijada com força, para logo em seguida ser jogada na cama com força. Ele me olhou com olhar de desejo e eu senti uma mistura de medo e excitação.
- Eu nunca posso te provocar, lembra? Tenho que me satisfazer sozinha... – sorri cinicamente. Arthur ia jogar comigo de novo, mas eu participaria do jogo desta vez.
- Isso não importa mais. Hoje prefiro que você ME satisfaça... - Subiu na cama – Do seu prazer trato eu... Prometo!
A boca dele deslizou pelos meus ombros até alcançar o meu sutiã e eu agarrei sua cabeça prendendo-a contra mim.
- Então espero que faça um bom trabalho, meu “marido”... – gemi quando o meu cabelo foi agarrado e puxado para trás, forçando-me a ficar arqueada na cama contra ele.
- Faço sempre um ótimo trabalho, “esposa”... – o beijo que seguinte foi duro, sem qualquer carinho, mas transbordando de desejo. Ele mordeu-me o lábio e eu correspondi, faminta dele.
- Está com medo? – perguntou me fixando com seu olhar.
Apoiei-me na cama com os cotovelos, olhando-o também. Depois, num gesto rápido lhe fiz cair sobre a cama e girei de modo a ficar sobre ele.
- Nem um pouco. – sorri, sentindo-me poderosa – Porquê? Você está?
Ele subiu as mãos até elas ficarem sobre as minhas coxas e apertou com força. Os sexos, separados ainda pela roupa, empurravam-se mutuamente, gritando pelo encaixe que ainda lhes era negado. Rebolei em cima dele, fazendo-o gemer.

Arthur POV


Admito que estava completamente louco de desejo por ela. Lua, minha mulher. A mesma que choramingava por tudo e por nada mas que agora estava sobre mim como se fosse a própria personificação do pecado.
- Gostosa! – murmurei entredentes enquanto a puxava para mais um beijo que era uma mistura de castigo e luxúria – Pode me despir, agora! - A ordem foi seca, mas ela limitou-se a sorrir cinicamente enquanto descia as mãos até á minha cintura e afastava a toalha que eu tinha enrolado depois do banho.
- Sim senhor... – gemi enquanto ela apertava meu membro agora descoberto – Tudo o que o meu querido marido quiser... - Deixei-a acariciar-me, mas quando senti a boca húmida descer pela minha barriga forcei-me a recuperar algum controle da situação.
- Não tão rápido, “querida”... – disse enquanto a fazia deitar de costas, segurando-lhe as mãos acima da cabeça - Assim a diversão acaba rápido demais, não acha? - Ela arqueou-se contra mim e eu forcei-me a respirar com calma. Afastei-me dela, ficando de pé ao lado da cama. Ela ergueu-se ligeiramente, apoiando-se nos cotovelos e olhando-me com ar confuso.
- Arthur? – o tom era ligeiramente indeciso, e eu senti-me um pouco melhor novamente. Afinal parecia que a minha Lua não era tão segura como queria fazer parecer.
- Sim, querida? – perguntei friamente enquanto me limitava a olhar o corpo bem feito apenas vestido com o sutiã e a calcinha que eu morria de vontade de arrancar.
Ela hesitou por um momento, e eu sorri provocador enquanto me debruçava sobre ela o suficiente para alcançar a orelha que mordisquei.
- Que tal se despir pra mim? – senti-a estremecer novamente e controlei-me para não ser mesmo azer as pequenas peças em farrapos. Lua me fazia perder a cabeça, mas eu não ia permitir que ela percebesse o quanto me afetava.
Ela levou as mãos ás costas e desapertou o sutiã com uma lentidão angustiante, com os olhos fixos em mim. Quando os seios fartos ficaram finalmente livres eu tive de apertar as mãos com força para não os agarrar imediatamente.
- Agora o resto – disse com a voz mais rouca do que pretendia.
Ela sorriu, novamente provocadora. Tirou a calcinha sem dizer uma única palavra e ficou ali deitada, exposta para mim, os braços abertos na cama e uma expressão atrevida e sedutora que eu não lhe conhecia.

Lua POV


Deixar que Arthur mandasse em mim e me usasse novamente era um erro, e eu sabia. Mas a realidade é que era excitante também. Saber que ele me desejava, que ele olhava a MIM e ME queria. Fixei-o completamente nu na minha frente. Os olhos dele percorriam o meu corpo, e eu senti meu corpo arder.
Ele debruçou-se finalmente na cama, deitando-se lentamente sobre mim. A cada ponto em que as nossas peles se encontravam acendia em mim pequenos choques, pequenas chamas que se alastravam por todo o lado e me consumiam.
Ele desceu a mão por meu rosto, percorrendo o meu pescoço até alcançar os meus seios. Eu gemi e ele sorriu, acariciando-os por um momento antes de continuar a descer. Parou finalmente sobre o meu sexo, numa tortura desesperante. A boca passeava pelo meu pescoço, acariciando onde antes tinha mordido.
Chegou aos meus lábios, e eu conseguia adivinhar o sorriso que se desenhava em seus lábios.
- Arthur... – reclamei rebolando sob a mão dele.
- Sim?... – perguntou fazendo-se de desentendido enquanto a boca descia até meusseios – Algum problema, querida? - Gemi novamente ao sentir a língua rodear o mamilo e mordi o lábio para não implorar.
- Nenhum. Absolutamente nenhum... – forcei-me a dizer entredentes enquanto suspirava pelo prazer que sentia.
Ele moveu um pouco a mão, e eu sustive a respiração.
- Alguma coisa que queira dizer? – perguntou novamente provocando-me – Porque se houver alguma coisa que queira pedir... - Limitei-me a gemer em resposta, enquanto a mão dele desenhava pequeno círculos tão próximos do ponto onde eu queria que ele chegasse.
Gemi novamente e ele subiu a boca até ao meu pescoço, onde mordiscou a pele quente.
- Vai ter que pedir, Lua... – a respiração dele no meu ouvido era uma provocação – Se quer alguma coisa diz,prometo que te dou tudo o que quiser... Tudo para te fazer “feliz”, lembra? - Remexi-me sobre o corpo dele, tentando em vão alcançar o prazer que ele adiava. - Pede, Lua... Implora por mim... – o sussurro dele era uma tortura, e eu mordi o lábio até fazer sangue para me impedir de ceder. Sentia-me fraca e inquieta, desejosa dele, do sabor dele, do toque mais íntimo dele.
- Por favor, Thur... - Ele gargalhou roucamente, parecendo gostar de ter seu apelido pronunciado por mim. - Por favor... - Minha voz era um sussurro. Arthur sorriu satisfeito contra minha bochecha, me pondo sobre ele e penetrando de uma vez só, arrancando de mim um alto gemido. Suas mãos em meu quadril ditavam os movimentos, as vezes lentos, as vezes rápidos, num ritmo enlouquecedor.
- Thur, mais rápido... - Não conseguia controlar os gemidos, totalmente perdida no prazer que ele me proporcionava. Aumentou os movimentos, e não demorou para que chegássemos ao ápice do prazer, caindo suados na cama com a respiração falha. Olhos nos olhos, e eu não pude deixar de sorrir fraquinho para ele.
Com a respiração normalizada, sem perder o contato visual, ele debruçou-se novamente sobre mim, sussurrando em meu ouvido
- Prepare-se, "querida"... - Mordeu de leve meu pescoço, arrepiando-me - A noite apenas começou.

Virei um pouco a cabeça para olhar Lua ainda adormecida ao meu lado. Os cabelos desarrumados lhe tapavam o rosto. Uma mão macia sobre o meu peito, a respiração pausada batendo no meu ombro.
Ao vê-la assim não consegui evitar pensar que ela não parecia todo tipo de mulher que se comportaria na cama como fez na noite passada. Sempre que o pensamento de sexo com a Lua me cruzou a cabeça antes foi pensando naqueles tempos medievais, nas damas tão recatadas e púdicas que transformavam o ato em si numa obrigação penosa em vez de num momento de prazer.
Recordei sem querer a primeira noite que tinha passado com a Lua e as vagas imagens que mantinha na memória. Franzi o cenho, pensando se realmente eu a teria forçado como pensei naquela manhã... Garantidamente, hoje eu teria arranhões e marcas de mordidas como nesse dia...e branca como era a Lua, provavelmente teria nódoas negras espalhadas pelo corpo.
Ergui-me rapidamente e parei ao senti-la mover-se na cama, o sono perturbado pelo meu movimento brusco. Sustive a respiração e ela pareceu acalmar, encolhendo-se sobre ela própria como um ouriço.
Seria mesmo isso? As minhas suposições acerca daquela noite estariam mesmo erradas desde o incio? Talvez tivesse sido ela quem se tivesse aproveitado afinal... Me fazendo acreditar depois que tinha sido a vítima inocente!
Lua tinha estado bonita naquela noite, tinha conseguido que o meu pai expulsasse Pérola da festa...Teria ela também pensado que era capaz de me conquistar se conseguisse que eu fizesse amor com ela?

Lua POV


Acordei com o corpo dorido mas com um sentimento bom no peito que me fez sorrir. As imagens da noite com Arthur vieram-me á mente mesmo antes de abrir os olhos e eu os mantive fechados apenas para reviver uma vez mais antes de enfrentar mais um dia. Desta vez tinha sido Arthur quem tinha começado tudo. Por isso com certeza não poderia me culpar de ter me atirado pra cima dele!
Espreguicei-me na cama enquanto ria e abria os olhos devagar.
- Arthur! – sorri apesar do susto de lhe ver ainda deitado – Pensei que já tivesse levantado.
- Qual é o problema, Lua? Pensei que gostasse de me ter na cama.
Ergui-me, apoiando-me nos cotovelos. O tom de voz dele era frio, e eu não conseguia encontrar uma razão para isso.
- Vamos brigar de novo porque fizemos mais do que dormir juntos novamente? – não resisti perguntar apesar do medo de ouvir uma das respostas sarcásticas que ele sabia dar tão bem – Achei que... - Courto-me
- Achou o quê, Lua? Que fazer sexo comigo era sinônimo de ter um marido a 100%? – fez aquele trejeito com a boca que eu odiava e que me fazia sentir insignificante e humilhada – Achou que conseguia jogar na mesma liga das outras mulheres...Que me seduzir para que eu fizesse sexo ia dar direito aquelas babaquices de amor e filhos que você tanto sonha? - O meu coração encolheu-se e eu esforcei-me para encontrar uma resposta a altura, qualquer coisa que pudesse agarrar para não me sentir tão pequena, tão incapaz.
- Parabéns, Lua...conseguiu sexo. Mas ás minhas amantes eu pago com presentes, não com amor. – ele inclinou-se sobre mim e eu prendi a respiração – Uma vez que a você já pago casa, carro e comida suponho que temos as contas acertadas, certo? - Fiquei muda, completamente incapaz de dizer uma palavra, completamente incapaz de respirar. Saí da cama atordoada pelas palavras dele, agarrando a primeira peça de roupa que peguei para me cobrir.
Ele levantou-se também, magnificamente nu, e ainda se espreguiçou com ar arrogante. Por muito que me desprezasse a mim própria por isso, não consegui afastar o olhar do corpo magnífico que ele exibia de forma tão relaxada.
- De qualquer forma é bom saber que você tem outros talentos de boa esposa além de cozinhar e limpar...arranjar mulheres é cansativo e caro. Sexo com você fica mais barato!
Minha mão foi de encontro a cara dele, o tapa surpreendendo até a mim. Ele nem piscou, fixando-me simplesmente com aquele sorrisinho que eu odiava.
- Suponho que isso desiquilibra as contas, esposa querida. Mas não estou com vontade de cobrar nada agora. Repetir a dose muitas vezes seguidas enjoa...
E com aquelas palavras entrou no banheiro, deixando-me ali atordoada junto á cama.
- Mica, Mica, atende por favor... - Eu andava de um lado pro outro, ansiosa por conseguir sair logo de casa. - ALÔ! - praticamente gritei quando ele atendeu
- Lua? Que foi?
- Preciso de você, Mica. Posso passar na tua casa?
- O que aconteceu?
- Eu te conto quando chegar aí. Posso?
- Deve. Vem logo, tá me deixando preocupado. Beijo. - Desliguei, pegando minha bolsa e aproveitando que Arthur não estava em casa para perguntar nada. Agora sim. Eu estaria na companhia de meu melhor amigo e tudo ficaria melhor.
- O que aconteceu, Lu? - Mica abriu a porta do apartamento e eu entrei, e sem pedir licença sentei-me no sofá.
- Arthur.
- O que ele fez?
- VOCÊ NÃO ACREDITA NO QUE ELE ME FALOU! - Ri do jeito que falei e Micael me acompanhou. Contei a ele toda nossa manhã seguinte e ele ficou meio chocado.
- Você bem que podia dar uma lição nele... - Sorriu perverso.
- Como assim? - Franzi o cenho
- Presta atenção! - Assenti - Você faz assim... - Ele começou a contar-me o que planejou. Bem, era meio que maluquice... Lhe fazer pensar que eu tinha um amante.
- Até que é uma boa... - A ficha caiu. Um belo par de chifres no Aguiar. Bem, não verdadeiramente, mas ele ficariaputo da vida. - MEU DEUS! Que perfeito isso. Você seria o amante. - Sorri e ele me olhou assustado
- Que isso Lua?
- É, poxinha. Melhor companhia que você? Impossível.
- Você é louca. - revirou os olhos
- Aí, tá dizendo o cara que me propôs fingir que eu tenho um amante pra deixar meu marido louco da vida.
- Mas isso vai dar certo.
- Ué, nossas saídas também. Somos melhores amigos, não é? Pronto, bela companhia. - Ele assentiu e abaixou a cabeça. Ficou calado olhando pro nada. Bem, admito que ele estava meio estranho, com cara de cachorro abandonado... - O que foi, Mica? - Levantei seu rosto com a ponta dos dedos
- Não foi nada não - Reprovei sua resposta com o olhar. - Tá bem, tá bem, eu digo... Tô apaixonado. - Meu queixo caiu. Dei um grito
- POR QUEM?
- Calma, Lua. Eu sou o apaixonado daqui. Não tem porque seus olhos estarem brilhando. - Me olhu assustado
- Conta, vai. Quem é a sortuda?
- Acho que nem tão sortuda assim. - Seu rosto ficou triste - Melanie, ou melhor, Mel Fronckowiak.
- A morena bonita do colégio? - Ele assentiu e eu fiquei ainda mais chocada
- Sim, ela mesmo. Nos reencontramos a um tempo e ficamos meio... - deu uma pausa. Parecia tomar cuidado com o que ia falar - amigos.
- Amigos hãn? Sei... - Ele ficou envergonhado
- Ela não quer nada sério comigo. - Suspirou. Ele estava mesmo apaixonado? Isto pra mim seria impossível a uns anos atrás
- Como assim? Desperdiçar você é ser burra. 
- Como assim? Desperdiçar você é ser burra.
- Não faço o tipo dela - Revirei os olhos - Ela gosta de garotos baixinhos, com cara de bebê... Já disse isso pra mim
- E DAÍ MICAL? - Ele arregalou os olhos - Não é porque gosta desse tipo, que gosta APENAS desse tipo, seu burro.-
Dei um tapa em sua cabeça
- Será mesmo? - Fez uma cara engraçada, não consegui conter uma risada.
Totalmente perdida com Micael, passamos a noite conversando e quando me dei conta já era meia-noite. Me assustei
- Caraca Mica, já é muito tarde. - Levantei-me e agarrei minha bolsa - Preciso ir.
- Ah, verdade. - Ele olhou seu relógio de pulso - Vem, eu te levo. - Saímos do apartamento e logo ele estava parado
comigo na porta de casa. Estava tudo escuro, prova de que Arthur já estava dormindo. Despedi-me de Mica e ele
lembrou-me do plano. Bem, até que não era tão ruim assim... Tentarei seguir direitinho.
Entrei rapidamente, mas tomando cuidado para não fazer barulho algum. Entrei no quarto, tomei um banho e
quando saí Arthur havia acordado e me olhava me desconfiado.
- Onde você estava?
- Saí. - Dei de ombros me deitando e me cobrindo. Ele resmungou baixinho e eu não entendi nada, virando-me para o
lado oposto e fechando os olhos. Talvez Arthur merecesse mesmo sofrer um pouco.
Duas semanas se passaram. Eu vinha saindo com Micael e às vezes com Sophia quase todas as noites, sempre me
divertindo e dançando bastante. Mas, infelizmente, Arthur parecia se importar pouco pro que eu gostaria.
- Ei, Lua? - Micael passou a mão em frente a meu rosto e eu acordei de meu 'transe' - Que foi? Tá toda pensativa aí...
- Ah, Mica. Sei lá. - Passei o dedo pela borda de meu copo, desanimada - As coisas com Arthur não estão saindo como o esperado.
- Hm, entendo... Mas acho que consigo resolver isso - Sorriu, e tirou do bolso um colar. - Pra você. Acho que ele vai perceber, não é possível. Só se for muito burro.
- Ai, que lindinho. Mais um, mica? - Ele assentiu. Vinha me dando muitos presentinhos e falando para que eu comprasse muitos colares, anéis e pulseiras também. Isso fazia parte do plano. Sorri e ele colocou o colar em meu pescoço. - Obrigado.

Arthur POV


Eu e Lua já havíamos voltado para a empresa, e eu estava ficando realmente cansado. Sem tempo pra coisa alguma. O trabalho vinha tomando todo meu tempo, mas com Lua isso parecia não acontecer de jeito algum. Praticamente todo santo dia ela saía a noite e só voltava pela meia-noite, uma da manhã... E, bem, isso não era muito bonito para uma mulher casada.
O barulho dos saltos de Lua se fez presente no cômodo. Que eu não esquecesse que ela estava totalmente linda e gostosa esses dias. Mas, que será que ela fazia quando saia? Hm, certamente nada de mais. Ouvi o barulho do choveiro e logo depois uma Lua saindo de camisola do banheiro como fazia todas as noites. Resolvi não dizer nada pra não levar patada e
tentar dormir.
Abri os olhos lentamente, sentindo um perfume gostoso. O perfume de Lua. Ela estava agarrada a mim, ou melhor,nós estávamos agarrados um ao outro. Sorri malicioso e desci minha mão por seu corpo até parar em sua bunda. Cheirei seu pescoço levemente. Lua abriu os olhos e gritou. Me assustei e gritei também
- Sua maluca! - Sentei-me na cama com o coração acelerado
- Seu... seu... Seu aproveitador! - Ficou de pé
- Doida! - Ela não respondeu. Simplesmente entrou no banheiro e eu logo escutei o barulho do chuveiro.
A tarde havia sido cansativa como todas as outras ultimamente. Voltamos pra casa junto e eu assistia televisão enquanto Lua fazia a comida. A campainha tocou. Levantei-me. Nós não costumávamos receber visitas a não ser Chay e Sophia. Deparei-me com um homem com um buquê de rosas na mão.
- Senhor, tenho uma entrega para... - Olhou um papel em suas mãos - Lua Blanco. - Franzi o cenho e gritei por Lua. A mesma apareceu na sala e foi até o entregador
- Ah, são lindas! - Sorriu e pegou o buque de sua mão
- Ah, e tem este cartão pra senhora também! - Entregou-lhe um pequeno papelzinho branco.
- Arthur, da a gorjeta do rapaz. - Ela saiu e deixou-me sozinha com ele que sorriu e estendeu a mão. Revirei os olhos, retirei o dinheiro do bolso e dei ao rapaz, que saiu sorrindo. Fechei a porta e franzi o cenho novamente. Lua recebeu flores? É isso mesmo? Mas, de quem? E por que ela recebeu as flores com nome de solteira?
- Sério? - Sorri, ouvindo as chaves na porta, só poderia ser Arthur. Uma idéia louca passou por minha cabeça. - Hm, gatinho... Hoje nós podemos passar a noite todinha juntos - Fiz uma voz maliciosa sentindo o olhar de Arthur sob minhas costas.
- Que Lua? - Sophia riu baixinho
- Estou ansiosa pra saber que surpresa é essa... - Minha unica intenção era provocar Arthur, depois iria me resolver com Sophia, que tenho certeza que acharia muita graça.
- Então está bem, nós nos veremos a noite, certo? Esperarei ansiosamente então. Beijos. - Desliguei o celular e virei-me a tempo para ver Arthur subindo as escadas. Sorri satisfeita.

Arthur POV


Aquele maldito papelzinho tinha que estar em algum lugar. Abri gavetas e mais gavetas até acha-lo.

" Pra Lua que ilumina minha vida
Mas que ainda tenho esperanças de que seja o Sol de toda manhã
É seu sorriso que me encanta, seu abraço que me esquenta
É seu beijo que me faz perder a cabeça.
Amo você "

Isso só confirmou minhas suspeitas. Lua estava me traindo? É serio isso? Agora entendo. As pulseiras, colares, aneis... Tudo de novo que ela tinha. Eu deveria ter desconfiado. Droga! Como sou burro, burro.

Lua POV

Passei perfume e não consegui evitar um sorriso ao olhar para o espelho. Eu estava realmente me sentindo mais bonita, mais alegre... A única coisa que faltava era amor. Arthur pra mim e... Droga, menos sonhos caíriam bem. Tenho que deixar de fantasiar essas coisas que nunca vão acontecer.
Desci as escadas e lá estava Arthur, de bermuda, sem camisa, totalmente largado no sofá assistindo TV. Não consegui conter um suspiro ao ver aquele corpo e não lembrar-me de nossa ultima noite.
- Vai sair? - Perguntou me olhando curioso. Eu infelizmente tinha que seguir o plano. Mal o olhei e peguei minhas chaves em minha bolsa
- Vou, e não tenho hora pra voltar. - Disse e logo cenas passadas vieram a minha mente. Balancei a cabeça espantando os pensamentos.Passei pela porta como se fosse minha salvação para aquele misto de sentimentos que eu sentia. Eu ainda o amava, e o queria mais que tudo. Mas não queria sofrer, e no fundo sentia que ele mereci apagar um pouco por tudo que fez comigo. Droga! Por que as coisas não podem ser simples?
Até que estava um clima agradável. Mel ria sem parar das piadas de Micael. Seus olhos brilhavam e ele parecia mesmo estar apaixonado por ela. Own, que fofo.
- Micael, o que foi aquele bilhete? - Sussurrei em seu ouvido rindo
- Ué, zoação. Sabia que você ia gostar, eu mando bem com as palavras. - Gabou-se. Eu ia continuar conversando baixinho com ele, se não fosse o olhar ameaçador de Mel em minha direção. Uh, que medo.



Arthur POV


Cinco da manhã e eu ainda não tinha conseguido pregar os olhos. Onde Lua havia se enfiado? Até essa hora na rua
O que ela tinha na cabeça? Me deixando preocupado. Urgh. Eu nem deveria me importar! Mas só de pensar que a essa hora ela está com o amantezinho dela me dá nos nervos. Ela é minha mulher, caramba! Será que é difícil sossegar o faixo em casa e... Merda. Eu estou com ciúmes dela, e isso é tão patético que chega a doer. As horas passavam e eu estava entediado, com fome, com raiva, com ciúme... Olhei o relógio. Oito horas da manhã. Desci para tomar café.
Pelo menos café eu sei fazer. O barulho da chave na porta me fez andar até a sala mesmo contra minha vontade. Olhei a curioso e ela nada me disse, apenas subiu as escadas ignorando minha presença. Droga, eu odiava ser ignorado, ainda mais por ela.
Tomei café e subi. Lua estava deitada, e provavelmente cansada depois de sua noitada. Bufei.

Já eram quatro da tarde quando Lua desceu as escadas toda arrumada rumo à cozinha. Mas ela já vai sair de novo Que droga, parece até que virou festa.
- Onde você foi ontem? - Entrei na cozinha como quem não quer nada, peguei uma maçã pra disfarçar.
- Não te devo satisfações - Mal me olhou, abrindo a geladeira
- É claro que deve. Você é minha mulher. - Olhou-me e revirou os olhos andando até a sala. Fui atrás
- Quando era você quem saia não me devia satisfações, não é mesmo? Agora não venha exigir nada.
- Mas... - Ela cortou-me

- Quantas vezes, Arthur - ela pausou - Quantas vezes fiquei te esperando chegar de sei lá onde até altas horas da madrugada? - Pisquei meio incrédulo com suas palavras - Quantas vezes você me machucou tanto fisicamente quanto verbalmente? Muitas, não é mesmo? Eu cansei. Cansei de ter que aturar tudo isso. Você é um um banana, idiota, frouxo e todos os outros xingamentos ruins que se encaixem em você. - Praticamente cuspiu as palavras em minha cara e saiu de casa batendo a porta com força. Agarrei a primeira coisa que vi pela frente - no caso, o vaso de flores que Lua recebeu - e o joguei na parede, tentando amenizar minha raiva. Não entendia o que estava sentindo neste exato momento. Idiota, inútil e todas as outras coisas ruins como Lua falou.


Lua POV


Abri a porta de casa mal acreditando no que meus olhos viam. A sala estava toda bagunçada. Quadros, vazos... Milhares de coisas quebradas espalhadas pelo chão. No chão, sentado e encostado no sofá estava Arthur, com uma mão escondendo os olhos. Eu podia ver as manchas vermelhas em sua blusa e a mão totalmente ensanguentada.
Andei até ele, meio preocupada.
- Arthur? - Ele olhava pro nada, parecia estar perdido. Abaixei-me e toquei seu ombro. Ele subiu o olhar até meu rosto e olhou-me diretamente nos olhos, mas nada respondeu. - O que aconteceu aqui? O que você fez? - Esperei por alguns minutos, mas a resposta não veio. Suspirei e agarrei a mão que não estava machucada. - Venha, vamos subir.

Novamente ele nada me respondeu. Limitou-se a pegar minha mão e levantar-se, seguindo comigo até o nosso quarto. Segurei seus ombros, o fazendo sentar na beirada da cama. Fui até o banheiro e tirei de lá uma caixinha de primeiros socorros. Molhei o remédio no algodão e comecei a passar na mão de Arthur.
- Ai, isso arde. - Ele reclamou. Não disse nada e continuei, até limpar sua mão por completo e colocar um curativo.
- E essa blusa? Como a sujou? Não me diga que tem outro machucado. - Ele começou a levantar a blusa, e eu prendi o ar. Sua barriga [ah, socorro, tanquinho à mostra] estava com um corte, e ainda sangrava. - Meu Deus do céu, Arthur. - Peguei o remédio novamente, repetindo o mesmo processo da mão. Olhei-o. Ele me olhava atentamente. -Pronto. Não tem mais nenhum machucado?
- Minha cabeça dói. - Disse. Peguei um remédio para dor de cabeça, um copo com àgua e o entreguei. Ele deitou-se.
Desci as escadas e suspirei ao ver as coisas todas reviradas e quebradas. É, mãos à obra.

Depois de limpar a sala inteira - trabalho duro - subi as escadas e escutei o barulho do choveiro. Disquei o número deSophia rapidamente.
- Soph, você não vai acreditar. - Falei baixinho me sentando na cama
- O que aconteceu? - Perguntou
- Arthur quebrou a sala inteira. - Bufei
- Como assim? Sério isso?

- Sério, muito sério. Eu cheguei aqui e estava tudo revi... - O barulho da maçaneta da porta me fez virar a cabeça levemente a ponto de ver um Arthur saindo do banho apenas com a toalha enrolada na cintura. Já que eu estava de costas... - Você viu? - Soltei uma risadinha safada - Ele é lindo. Um deus grego, e todo meu.
- O que Lua? Por acaso o Arthur tá por perto de novo? - Gargalhou
- Aham. Ele é o melhor, você não tem noção. De todos, ele é o melhor. Nossa. - Ri internamente. Eu nunca, nunca mesmo falava dessas coisas com amigas. Além de ser constrangedor era perigoso.

Pensa, você faz a maior propaganda do seu namorado, marido ou sei lá o que for, e ela vai lá e rouba ele de você? Hm, não da certo.
- Ah meu Deus. Desse jeito ele pira completamente.
- Essa é a intenção, ficar com ele sempre que der. - Cada vez que falava mais besteiras, minha vontade de rir aumentava. - Está bem, beijos. - Desliguei o telefone sem ao menos deixar Sophia responder, ela entenderia. Olhei pra
porta e Arthur não estava mais lá. Logo depois escutei o barulho da porta da sala batendo com força. Não consegui conter uma gargalhada.



Arthur POV


- Arthur, desse jeito você quebra o chão. - Chay reclamou intediado, me olhando andar de um lado pro outro. Apenas peguei uma almofada e joguei em sua cara.
- Ou, não faz isso não. - Jogou outra almofada em mim - Que tá pegando? Você tá aí, todo bravo, parece estar meio preocupado... Que que é?
- O maior dos meus problemas. - Resmunguei. - Na verdade, ela não é um problema. O problema é o que ela faz. Tá mdeixando maluco, me fazendo sentir coisas que nunca imaginei - Disparei, e logo depois de falar tomei fôlego.

- Respira, meu filho. - Passei a mão pelos cabelos. Sim, eu estava extremamente nervoso - Ela? Ela quem? Que, do que que você tá falando? Não tô entendendo.
- Ela, Chay... Ela. - Joguei-me em seu sofá - A Lua.
- O que ela fez? - Cruzou os braços
- Tá me deixando maluco. - Bufei
- Isso eu já sei, meu filho. Agora desenvolve.
- Arg, não sei se consigo dizer. - Ele olhou-me com raiva. - Tá bem, tá bem. Ela tem um... - abaixei o tom de voz - um amante. - Acho que foi tão baixo que nem eu escutei direito.

- O que?
- Ela tem um amante. - Falei entre dentes. Ele riu baixinho
- Ah, tá de brincadeira né? Isso porque você dizia que ela era sem graça... Imagino.
- Para, para com isso. - Cruzei os braços.
- Mas, você tá com raiva porque ela arranjou um amante... - Pausou - Ou você está com ciúmes?
- Os dois, idiota. Nunca pensei que me sentiria assim.
- Assim como?
- Um completo idiota. Acho que estou ficando maluco... Totalmente maluco por ela. 



Lua POV


A campainha tocou. Mica tinha me ligado á alguns minutos, dizendo que vinha me buscar. Coloquei meu salto e desci apressada, sorrindo ao atender a porta. Mas não era Micael. Era Arhur. Meu sorriso morreu ao pensar em como seria se ele visse Mica... Droga. Lascou tudo.
- Que que é? Não tá feliz em me ver? - Debochou entrando em casa
- Não enche. - Bufei e virei-me para buscar minha bolsa, mas a campainha tocou novamente. Micael.
- Oi L.. - Ele parou ao ver Arthur - Linda. - Sorriu cínicamente.
- Micael. - Sussurrei - Por favor, né. Eu vou buscar minha bolsa e já volto. - Subi as escadas apressada.



Arthur POV


Encarei o ser humano a minha frente com sangue nos olhos. Urgh, será que esse era o tal amante? Sujeitinho sem graça. Não sei o que ela viu nele. Grandão bobo. Abestalhado gigante, e todos os outros xingamentos que se encaixem nesse idiota. Senti meu sangue e uma grande vontade de provocar vômito ao pensar nele e Lua...juntos. Eu sou tão mais bonito. Não entendo o que ela viu nele. O encarei, e por um impulso comecei a dizer
- Eu acho bom você ficar bem longe de... - As palavras morreram em minha boca ao ouvir o barulho dos saltos de Lua descendo as escadas. Mas puta que pariu, que coisa linda é essa? 

Ela simplesmente passou por mim sem falar nada, agarrou o tal Goiaba que estava na minha frente e o puxou, abrindo
a porta.
- Não me espere, não tenho hora pra voltar. - Deu uma piscada e saiu. Argh, mas que droga, droga, droga! Meu coração estava à mil. Não acredito que ela vai sair com esse idiota, urgh. Merda, eu estou novamente com...ciúme.Ah não.

Toquei a campainha de Chay, impaciente. Agora ele era a única companhia que eu tinha. Ótimo, um amigo louco.
- Ei, Arthur... - Ele abriu apenas uma brechinha da porta - A que devo sua humilde visita?
- À falta de opções de companhias. Agora abre essa porta. - Ele me deu passagem pra entrar. Percebi que ele estava tenso, até ver uma figura loira escondida atrás do sofá. Segurei o riso.
- E aí, Chay. Saiu ontem? - Sentei-me no sofá e o observei fazer uma careta discretamente.
- Não, não saí. Fiquei aqui.
- Sozinho? - Ele engoliu em seco

- Sozinho sim, ué... er - Coçou a cabeça - Sempre sozinho, né?
- Sério? Liga pra Sophia... Aposto que ela vai adorar te fazer companhia. - Eu acabaria de vez com a vida dele se aquela não fosse Sophia. Mas eu tinha quase certeza que era.
- A-a Sophia? - Ele gaguejou e eu não aguentei. Comecei a rir sem parar.
- Sophia, já pode sair daí. Vamos. - Ela levantou-se e ficou ao lado de Chay.
- Droga. - Revirou os olhos - Você poderia pelo menos ter fingido que não sabia de nada. Seria menos vergonhoso.

- Eu não aguentei.
- Eu vou embora, Chay. - Ela beijou-o no canto da boca e ele fechou os olhos.
- Tchau. - Abriu a porta e sussurrou algumas coisas pra ela, que foi embora logo em seguida. Sorri pra ele e joguei umaalmofada em sua cara.
- Aí pegador! - Gargalhei.
- Haha, muito engraçadinho - Jogou-se no sofá, ligando a televisão e colocando no noticiário. - Caramba, que covardia.
- Chay murmurou e eu comecei a prestar atenção no que ele assistia.

- Que foi?
- Olha aí, que coisa horrível. Um homem batendo na própria mulher. Odeio isso. - Meu estômago embrulhou e eu fiquei desconfortável. Eu já havia feito isso, e o peso na conciência ainda me deixava mal.
- É, isso é horrível. - Por um momento senti que deveria contar isso pra alguém. Ninguém melhor que meu melhor amigo. - Chay, eu posso te contar uma coisa?
- Pode, claro. Sempre. - Ele sentou-se.
- Eu batia na Lua. - Fiz uma careta imediatamente. - E não me orgulho nada disso. Sabe... Eu acho que realmente me arrependo de tudo que fiz. Meu pai tem toda razão, Lua é incrível.

- E você só percebe isso depois de fazer besteira. - Revirou os olhos. - Eu te falava, não falava? Você nunca escutava.
Seu pai a mesma coisa. Agora fica aí, todo triste. Se ela não te quer mais é bem feito. - Aquelas palavras me fizeram ficar ainda mais... triste.
- Eu vou embora. Acho que nem deveria ter vindo. - Levantei-me
- Tá bem, tá bem. Mas você sabe que o que eu disse é verdade. - Fui até ele e fiz nosso 'toquinho', saindo dali rapidamente.
Não estava nada afim de ficar em casa sozinho. Sozinho. Acho que isso me definia ultimamente... Antigamente, mesmo que não nos falássemos muito, eu tinha Lua. E agora não mais. E é aí que entra o velho 'Se eu pudesse voltar atrás...' É uma pena não poder voltar, fazer tudo diferente. Quem sabe nada estivesse desse jeito, tudo tão... Vazio. Um vazio dentro de mim.

Parei em frente à um parque, resolvendo ficar por ali um tempo. Sentei-me em um banco qualquer, observando o movimento. Um casal andava de mãos dadas, sorrindo felizes e trocando beijos. Aquela cena me deu um aperto no coração.
Crianças brincavam alegremente e mais uma vez meu pensamento me levava à Lua. O que ela mais queria era um filho... E eu mais uma vez havia estragado tudo. Como havia lhe tratado naquela noite, as palavras e... Eu sempre dava um jeito de acabar com o pouco de esperança que ela tinha. Mas eu, esperança já não tinha nenhuma. Levei as mãos aos olhos, que ardiam. Era só o que me faltava, chorar. Já não basta o arrependimento. Apertei os olhos com força, tentando 'engolir o choro', mas foi em vão. Finalmente deixei que as lágrimas escorressem livremente por meu rosto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário